terça-feira, 30 de julho de 2013

DICIONÁRIO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES DO ANDRÉ

Crianças têm um modo peculiar e interessante de se comunicar. E elas estão certas de que estão sendo perfeitamente compreendidas, mas somente as mães conseguem compreendê-las e, por vezes, também ficam na dúvida e especulam até conseguirem a informação necessária para poder traduzir o que os filhos estão falando.

André teve um problema sério de adenoide e amígdalas e sua audição ficou comprometida. Só veio a falar direito depois que começou a escutar bem por conta da cirurgia a que foi submetido. 

Para facilitar um pouquinho a vida dos parentes e amigos, eu resolvi fazer um pequeno dicionário de palavras e expressões que André, na época com seus 3 anos 3 meses e 18 dias, utilizava diariamente.

Aí vai algumas dessas expressões costumeiramente utilizadas pelo meu filhote:

Acasa a Bia - casa da Bia
Achati - chocolate
Achêsa - bochecha
Adéda - moeda
Água baixo - lago
Aís - nariz
Alêlu - cabelo
Assálu - dinossaouro
Ati - aqui
Balúlu - barulho
Bancaú - Banco Itaú
Báxu - abraço
Bincá - brincar
Bumba - bunda
Cainho - carrinho ou carinho
Cacola - coca-cola
Cacúlo - está escuro
Cana - cama
Caocel - carro do Anselmo
Capto - cacto
Caraca - é caraca mesmo... risos
Caxa a água - caixa d'água
Cocoço - pescoço
Conde-Conde - esconde esconde
Chade - chave
Chuda - chuva
Cisão - televisão
Cocorro p socorro
Cóchiga - cócega
De lôti - à noite
Dedêça - cabeça
Dedenho - desenho
Dedera - mamadeira
Dedêti - sorvete
Didido - fedido
Didita - revista
Ecola - escola
Estrela dadente - estrela cadente
Etemu - este é meu
Fafavô - por favor
Fofone - telefone ou saxofone
Guaguá - guardar
Guiga - barriga
Iguarra - guitarra
Inquêra - coceira
Liliça - delícia
Lilo - livro
Málica - máquina
Memédio - remédio
Montu - monstro
Mútica - música
Mutu cacúlo - está muito escuro
Neneca - caneca
Nenete - internet
Olêla - orelha
Ôlu - olho
Óculu - óculos
Ônigu - ônibus
Pão niguina - pão com margarina
Péinuto - espera um minuto
Pelide - Felipe
Pepiê (com sotaque carioca) - chupeta
Pimpinho - limpinho
Quésenhá - quero desenhar
Quéo conê - quero comer
Roicisão - arroz e feijão
Seguê - fazer
Sicha - salsicha
Sigui - consegui
Suniu - sumiu
Tá pechado - está fechado
Tatá - primeira versão de música (bateria)
Tem - trem
Tenta ti - senta aqui
Tinha - ratinha
Tô cum cóne - estou com fome
Tôe moto - controle remoto
Ufone - telefone
Uxei - não sei

Como veem, um tagarela de mão cheia. A quem será que ele "puxou"?!

foto: por Inês de Barros - 2005

segunda-feira, 22 de julho de 2013

BONS FRUTOS

Muitas vezes o desenvolvimento é torto, diferente, sem jeito, mas o resultado pode ser espetacular! Deus opera milagres e tudo floresce e frutifica segundo a sua infinita bondade.

foto: por Inês de Barros
        Parque Campolim - Sorocaba/SP - JUL/2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ÀS VEZES...



Às vezes o que realmente precisamos
É de alguém que apenas nos perceba,
Que, com delicadeza, nos acaricie,
Que nos veja com olhar de amor,
Que nos abrace calorosamente.

Outras vezes precisamos de alguém que nos diga,
Publicamente ou ao pé do ouvido,
Acerca de nossa beleza
Exterior e principalmente interior,
De como somos inteligentes,
De como temos valor.


Não nos bastamos o suficiente.
Ter alguém que nos proporcione
Momentos mágicos como esses,
Nos remete a mundos inimagináveis
Fazendo despertar o que adormeceu.

A vida é ingrata, a rotina é cansativa.
Os compromissos uma preocupação.
Um beijo surpresa, um olhar diferente,
Uma palavra singela,
Abrilhantam o dia e valorizam a vida.

Não se perca
Não se esqueça
Não se enclausure
Divida, procure, lembre-se
O amor somente floresce
Se, diariamente, cultivado for.


foto: por Inês de Barros
       Jasmim
      2005

segunda-feira, 15 de julho de 2013

OS HOMENS DA MINHA VIDA


Pai
O que me orientou para as coisas da vida
Educou-me para respeitar o próximo
Aconselhou-me a respeito das dificuldades
Brincou comigo e me deu amor

Avô
O que me contou histórias
Ensinou-me a ouvir
Ter paciência
Valorizar a família

Filhos
Voltei a ser criança
Descobrindo a leveza de viver,
A simplicidade do gesto,
O olhar inocente perturbador

Companheiro
Este me mostrou o vagar
A tranquilidade do andar
A sabedoria do silêncio
O carinho da palavra

Homens de minha vida
São tantos: professores, tios e amigos
Em cada um deles me encontro
E deixo um pouco de mim também
Compartilhando vivências
Sem eles não viveria tão bem.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O QUE DELFINA FEZ DA VIDA DELA?

Delfina, mulher dedicada à família, pouco saía. Era de casa para o mercado, voltando para casa. Vivia a vida do marido e dos filhos. Mulher de rara beleza, mas com olhar distante e triste, quando não estava lavando roupa, estava passando, faxinando a casa ou cozinhando, e como Delfina cozinhava bem. Empenhava-se na costura confeccionando roupas para a família toda e tricotava com esmero, sem falar de seus trabalhos de crochê nas almofadas e caminhos de mesa que usava para enfeitar a casa.

Mas Delfina fora criança um dia. Cheia de alegria, rodeada dos pais e irmãos, certamente tinha sonhos a realizar. Menina tagarela que se interessava por política, ia à vila e trazia as novidades para o pai, com certeza a gazeteira da família. Se tivesse nascido homem, teria sido um excelente advogado, engenheiro ou quem sabe um político defendendo a sociedade com louvor. Entendia de futebol e torcia com paixão pelo seu time do coração.

E Delfina cresceu, talvez imaginando que formaria uma família feliz, porém muitas mulheres foram reféns de uma criação às antigas. Mulher não precisava estudar, precisava apenas aprender a cozinhara bordar e costurar. Perfeito, se fossem respeitadas e se fossem paparicadas. Só que não foi isso que aconteceu com Delfina.

Casou-se com o melhor partido da cidade. O bonitão do bairro, e como era homem, numa sociedade machista, fazia das suas, pois macho que é macho tem a esposa casta em casa que servia para procriar e cuidar da casa e da família e, para saciar seus desejos mais recônditos, se valia das mulheres desfrutáveis que, por troca de alguns réis, se entregavam a seus clientes. Estas lhe davam o prazer tão almejado.

Delfina sofreu solitariamente. No refúgio de sua casa viveu momentos de angústia e desespero ao ser ameaçada fisicamente pelo marido alcoólatra. Sem apoio foi vivendo sua vidinha como pôde, depois que o marido perdeu tudo o que tinham no jogo e sumiu deixando uma dívida imensa que Delfina assumiu costurando para fora numa antiga máquina Singer cedida pela sogra. E ali, dia e noite, pedalou para colocar comida na mesa e pagar a dívida do marido ébrio.

Quase dez anos se passaram e quando sequer imaginava, Delfina se surpreende com uma figura masculina em sua soleira. Era o marido que retornara velho e doente. Mulher de uma religiosidade incomum, abriu a porta de casa e recebeu o marido a quem tinha jurado, diante do altar do Santíssimo que, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separasse, ela iria cuidar do seu cônjuge.

Os anos se arrastaram para Delfina até que por fim enviuvou, porém continuou sua vida que sempre conheceu de reclusão e servidão à família formada por cinco filhos, netos e bisnetos a perder a conta de tanta criança. 

Delfina, como viveu, morreu. Dentro de casa. Será que sonhou? Será que pensou? Será que amou? Não sei, mas a pergunta que não sai da cabeça é: O que Delfina fez da vida dela?

foto: coletada na internet (desconheço a autoria)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

DESTINOS

Quem está indo,
Quem está voltando?

Não sei...
Só sei que aqui fico
Com meus pensamentos
Com minhas recordações
Com meus amados
Com meu sorriso
Com minhas vontades
Com meus desejos

Mas me preparando para ir
Em busca dos meus sonhos!

foto: por Inês de Barros
        Rodovia Raposo Tavares, próximo a Sorocaba/SP (08/07/2013)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

BASTA



Há momentos que temos a obrigação de dizer basta para:
Hostilidades
Arrogância
Falta de educação
Ausência de gentileza
Murmurações
Canalhices
Contendas
Ironias
Falsidades
Ignorância

Eu sei... é difícil, pois pode estar bem mais perto do que imaginamos.

Tudo isso para preservar:
Alegria da alma
Paz de espírito
Bem estar
Sorriso largo
Calma interior
Ingenuidade
Bondade
Paciência
Benevolência
Bom ânimo

Somente dessa maneira conseguimos:
Prazer na vida
Domínio próprio
Que o amor sobreviva
O melhor de nós!


foto: coletada na internet (desconheço a autoria)

terça-feira, 2 de julho de 2013

DESAFIO



Tenho asas para proteger
Onde estão meus filhos para abrigar?

Um distante seguindo seu rumo
Procurando um curso, um lugar.

Outro perto, mas crescendo
Formando ideias em que se concentrar.

Sinto minhas asas vazias
Frias sem quem aconchegar.

Tento as manter quentes
Para quando delas cada um deles precisar.

Elas querem alçar voos, longos e desafiantes
Mas não conseguem se movimentar.

A porta está aberta, o sol e a brisa convidam
Falta coragem para arriscar.

A vontade adormeceu, a liberdade se perdeu
E presas ficaram num mesmo lugar.

O desejo não se esconde nas asas.
Habita no coração. Feliz daquele que o souber despertar.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

FALANDO EM VIAGENS...


Algumas foram realmente memoráveis!! Isso aconteceu na década de 70.

Minha mãe não dirigia, então papai destinava o motorista da empresa para nos levar e trazer das invencionices de mamãe. Pobre Antônio, gente boa e adorava minha mãe, fazia tudo ao gosto da patroa.

Certa vez, juntamos uma turma (essa turma - capítulo à parte nas minhas recordações dos tempos do Edifício Parque das Hortênsias), bem voltando, juntamos uma turma de rapazes e moças e a única adulta dentre essa galera toda era minha mãe que por vezes parecia a mais adolescente de todos ali. E havia mais três maiores de idade com carteira de motorista.

Eram bem uns quinze nessa viagem e, na famosa Kombi, Antônio começou a descer rumo ao litoral norte de São Paulo - Destino: Caraguatatuba!! Acampando.

A viagem foi uma farra. Três carros na estrada com barracas, mantimentos e muita alegria própria dos adolescentes e minha mãe curtindo tudo aquilo.

Chegamos em Caraguá, montamos acampamento e ficamos os quatro ou cinco dias com chuva. Ai... que péssimo.

A viagem estava no fim e Antônio a caminho para nos buscar. As provisões da viagem haviam acabado e já estava na hora de retornar ao lar doce lar.

Fizemos muitas amizades, o que foi azar de meu pai, pois um e outro ouvira dizer nas rádios que as previsões do tempo relatava que o Rio de Janeiro estava com condições climáticas extremamente favoráveis aos caça sol e praia!!

Bem... resumo da ópera. Convenceram mamãe em pegar a Rio-Santos rumo à cidade Maravilhosa, afinal estávamos em férias!!

Claro que Antônio acatou as ordens de mamãe sem questionar. Ela apenas não se atentou ao detalhe de que nosso alimento já havia acabado e que o motorista tinha dinheiro apenas para voltar à São Paulo. E naquela época não tínhamos a facilidade que temos hoje de celulares, caixas eletrônicos, cartões de débito, crédito e o abastecimento de combustível era racionado (lembram disso?!).

Mas nada importava e descemos a serra naquela caravana de adolescentes rumo ao Rio de Janeiro.

Chegamos no acampamento de madrugada e exaustos ainda tínhamos que montar as barracas. Terminada a tarefa, mamãe dispensou o motorista que voltou para São Paulo. No dia seguinte, telefonou para meu pai que estava com os nervos à flor da pele porque sua família não retornara. Ele já tinha mobilizado toda a polícia rodoviária à cata da mulher e filhas em vão. Acabou achando, não sei como, o coitado do motorista na estrada sem gasolina e sem dinheiro para abastecer.

Ficou furioso. Minha mãe ligou para pedir que ele enviasse dinheiro para que pudéssemos ficar mais alguns dias no Rio de Janeiro nos divertindo. Mas qual!! Papai se recusou mandar e disse à mamãe que se virasse. Tínhamos dinheiro para apenas uma refeição. Não fosse a família de uma amiga querida de minha mãe que morava na Tijuca, acho que estabeleceríamos residência temporariamente no Rio de Janeiro.

Mas a coisa não foi assim tão fácil de resolver. Tivemos que pegar ônibus com a barraca e malas do Recreio dos Bandeirantes até a Tijuca, pois não tínhamos como pegar táxi.

Passamos a noite na casa dessa família espetacular, mamãe pegou dinheiro emprestado para retornarmos de ônibus para São Paulo e deixamos a barraca lá para depois ser resgatada.

Resultado: 
Não vi a cara da praia e ficamos num vai e volta dentro de ônibus pelo Rio de Janeiro.

O resto da turma?! Ficou no acampamento, evidentemente.

Antônio?! Bem... não sei ao certo como o problema dele foi resolvido, pois não podíamos nunca mais comentar sobre essa viagem com meu pai. Era assunto proibido em casa. Mas por certo meu pai deve ter ido atrás dele na estrada e abastecido a Kombi.

A barraca?! Sei lá. Nunca mais soubemos do paradeiro dela. Meu pai sumiu com ela.

fotos: coletadas na internet (desconheço a autoria)