O papel de ser mãe não é fácil.
Cada uma delas realiza suas atribuições maternais de diversas formas. Umas são
mais práticas, outras mais amorosas, tem as mais duras e até aquelas que não
exercem seus papeis. Em nenhum dos casos temos o direito de questionar ou de
julgar a maneira pela qual cada uma delas age, mesmo porque não estamos em
todas as situações e não vivemos cada um desses relacionamentos.
Lembro-me muito bem, antes de ter
filhos, que sonhava com a possibilidade de fazer uma carreira e ser uma grande
executiva. Ao engravidar, estava há algum tempo estagiando em uma companhia de
transportes e pude reparar que meu coordenador possuía dois bips (naquela época
não havia celulares). Aquele “brinquedinho” “bipava” à torto e à direito não
dando sossego para que ele pudesse trabalhar com tranquilidade. Um dia meu
chefe me confidenciou que teria que deixar o aparelho ligado durante o final de
semana também. Fiquei pensando no inferno que seria a vida dessa pessoa e de
sua família. Resolvi que não queria isso para mim.
Ao terminar a faculdade, grávida
de 5 meses, estava no ápice da minha felicidade. Meu filho nasceu e surgiu uma
oportunidade de trabalhar em uma multinacional, mas meu bebê tinha somente 20
dias de nascido e a empresa não poderia esperar. Naquela época, creches não
eram confiáveis, minha mãe havia falecido e não percebi pré-disposição por
parte da outra avó em cuidar do neto. Por outro lado, acreditava, e ainda
acredito, que os filhos devem ser educados pela própria mãe. Desisti do emprego
e decidi cuidar do meu filho, da família e da casa. Não me arrependi, faria
tudo de novo.
Sabia que isso implicaria em
muitas coisas. Em primeiro lugar a questão financeira ficaria mais apertada. Em
segundo lugar, ficaria mais em casa e deixaria de ter contato mais estreito com
o mundo fora da “bolha”. Mas a vantagem era muito grande. Estaria com meu
filho, lambendo a cria e acompanhando o desenvolvimento daquele ser bem de
pertinho.
Meu filho cresceu com todo
cuidado que uma mãe zelosa pode oferecer, o tempo passou, e a possibilidade de
encontrar um trabalho cujo custo benefício fosse favorável tornou-se muito
difícil. Fiz um bico aqui e outro ali, até que voltei ao mercado de trabalho e
engravidei novamente, e, pela segunda vez, tive que optar entre cuidar da
família ou continuar trabalhando. Evidentemente escolhi a família.
De novo, meu segundo filho
cresceu em formosura debaixo do meu zelo cuidado e amor e fiz um bico aqui e
outro ali, mas para ingressar novamente em uma empresa ficou muito mais difícil
não pela minha incapacidade laboral, coisa que não tenho, mas pela minha idade
cronológica. Mais um vez me vi em casa cuidando da família, coisa, diga-se de
passagem, que amo fazer.
O casamento não estava indo bem e
o divórcio acabou sendo inevitável. Em nenhum momento coloquei filho contra pai
e a todo momento defendi a moral da pessoa com quem me relacionei por quase 25
anos, não permitindo que ninguém falasse mal ou se referisse a ele de maneira
chula, muito pelo contrário, fato é que até hoje, minha família o tem, junto
com a família dele, como amigo e por eles tem muito apreço. Tentei me reerguer
profissionalmente, porém não tive sucesso.
Não sei como dizer o que quero
sem dar maiores detalhes, mas depois de anos de dedicação à família, sem
direito à “indenização” por “quebra de contrato”, é duro perceber a acusação de
negligente no trato com os filhos por pessoas que simplesmente não me conhecem
e pior ainda, pela pessoa que me conhece e muito bem.
Saber dessas coisa me deixa
entristecida, mas assim é a vida. Fica aqui um desabafo, pois eu consigo deitar
minha cabeça no travesseiro e dormir com tranquilidade sabendo que em nenhum
momento dessa vida prejudiquei emocionalmente ou moralmente alguém.
Existe uma passagem na bíblia
cujo contexto nos dá uma advertência sobre não sermos soberbos em pensar que em
quanto mais fortes pensamos ser, mais atentos devemos ficar para que não
caiamos, pois “a soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda”
(Provérbios 16.18). Lendo o capítulo de I Coríntios 10 desde o seu começo
percebemos que os antepassados, muito embora tivessem usufruído das questões
espirituais como batismo e rituais de louvor ao Criador, Deus não se alegrou
deles, pois desobedeceram quando começaram a cobiçar coisas más, ao serem
idólatras, queixosos e murmurantes até sentando no próprio rabo para apontar
para o rabo alheio (“todos pecaram e carecem da glória de Deus” Romanos 3.23).
Portanto:
“Assim, aquele que julga estar
firme, cuide-se para que não caia” (I Coríntios 10.12)
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