Ser pai e mãe não é uma tarefa das mais fáceis.
Quando optamos por ter filhos, infelizmente não podemos
consultá-los se eles querem que entremos em suas vidas. Deus nos abençoa com os
filhos de maneira tão divina que deixamos de pensar em nós mesmos para ajudar a
construir o caráter desses pequenos, destinando a eles o que temos de melhor, e
não falo financeiramente, falo de valores emocionais, sociais e espirituais que
são os mais importantes que qualquer outra coisa.
E eles vêm, sem manual de instruções. Com suas
características, com suas personalidades, com suas crises e vamos com o tempo
aconselhando, sugerindo caminhos na tentativa de diminuirmos possíveis
sofrimentos com decepções, sabendo que tudo isso faz parte da formação do
caráter do ser humano.
Por eles abdicamos muitas coisas. Até da própria felicidade,
pois creio que só conseguimos ser plenamente felizes se nossos filhos também
forem.
Os carregamos no colo, amamentamos, trocamos suas fraldas,
ensinamos comer, andar, nadar, pedalar, damos banho, cortamos suas unhas, penteamos seus
cabelos, vestimos, levamos para a escola, participamos de reuniões escolares,
deixamos de dormir por causa de uma febre que não queria ceder, apoiamos nos
estudos, nas brigas, apartamos desavenças entre irmãos, levamos para
parques, viagens, cinema, teatro, proporcionamos a melhor formação possível, os colocamos no colo nas crises existenciais, brigas com namorados(as),
indecisões sobre qual profissão escolher, qual caminho andar, levamos para
fazer vestibular e roemos as unhas junto com eles para saber o resultado, nos
alegramos com suas conquistas, rasgamos nosso coração quando eles sofrem, ou
seja, vivemos “filhos” 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês,
365 dias por ano por pelo menos uns vinte anos até que finalmente eles criam
asas e vão tentar alçar seus próprios voos, mas nem por isso deixamos de ficar
atentos.
Na visão de nossos filhos, somos pais heróis e mães
heroínas. Eles se esquecem que somos meros mortais. Que ficamos doente, que
temos indecisões, que nem sempre temos respostas para todas as questões, que
temos problemas tão cabeludos que dá até medo, que ficamos tristes, magoados,
deprimidos, que passamos por dificuldades financeiras, que temos vontade de "chutar o balde" e sumir, ir para bem longe, Caicó!!!
E como, muitas vezes, os filhos são cruéis! Mas como diz o
velho ditado, as coisas boas que fazemos são rabiscadas, num rascunho bem mal
feito, na areia, porém os nossos erros (sim, também erramos) são marcados
indelével na rocha!
Mas será que erramos tanto assim?!
Erramos, sim! Erramos por não permitir que nossos filhos
vejam nossas dificuldades, percebam nossas fraquezas, fazendo com que não
compreendam que não podemos ir ao encontro deles quando eles precisam, por não
termos uns míseros R$ 50,00 na carteira e somos condenados para todo o sempre
por essa falta. Tudo o que aconteceu lá para trás se apagou. E ainda os ouvimos dizer que nunca os apoiamos.
Depois que os filhos criam asas e vão à busca de suas
oportunidades, deixam para trás os pais que deram suporte necessário para esta
busca e eles esquecem até de telefonar apenas para dizer que os ama ou para
saber como está a vida de seus velhos ou se estão precisando de alguma coisa.
Porém, quando se veem frente a algum problema, se precisam de conselhos e
orientações ou ajuda para alguma situação pessoal ou profissional, sabem exatamente onde encontrar seus pais, mesmo assim dificilmente ouvem a voz da experiência achando que o conhecimento adquirido pelos percalços da vida e os valores de seus pais estão ultrapassados e eles não sabem de nada. De qualquer maneira, os amamos
incondicionalmente, e é um amor que não se consegue explicar.
Filhos, jamais esqueçam que por detrás dos cabelos brancos
de seus pais, há sonhos, desejos e muito amor. Muita vida passou por estes seres
falíveis, mas que a todo instante se preocuparam com suas vidas e sempre se
empenharam para que a felicidade batesse em suas portas e visitasse todas as
áreas de suas vidas. Ensinem seus filhos, se os tiverem, o respeito pelos mais velhos e a dar
atenção devida a seus pais, dando o exemplo. Se não tiverem filhos, continuem testemunhando o respeito aos mais velhos para que os mais jovens vejam e reconheçam a importância de cuidar e amar seus velhos.
Por ora, minha oração reside no sentido de que Deus esteja
abençoando ricamente suas vidas e que os façam pessoas e pais exemplares no caminho da
vida de seus filhos e seus jovens.
Escrevi este texto e algum tempo depois vi uma animação linda que ilustra muito bem o que escrevi, até parece que Po Chou Chi e eu trabalhamos juntos. Recomendo que assistam:
http://www.youtube.com/watch?v=JUMmGt1W2xc
foto: desenho de Eduardo Souza Campus
verifiquem seu trabalho em: www.behance.net/souzacampus