sábado, 5 de janeiro de 2019

É SÓ UMA QUESTÃO DE COR



Antes de falar de cor, vamos falar de mínimo. Sim, Salário Mínimo. Fazendo uma análise muito simplista, mas simplista mesmo, o Salário Mínimo tinha uma previsão para ser de R$ 1.006,00 para o ano de 2019, porém foi fixado em R$ 998,00. Choveu críticas ao novo presidente, claro. Os catedráticos de plantão não perderam tempo. Este texto não tem a pretensão de defender ninguém, mas de esclarecer, timidamente, alguns fatos que são importantes. O ajuste do Salário Mínimo segue uma regra, que inclusive foi assinada na época da então presidente Dilma Rousseff, que se leva em consideração o PIB de dois anos anteriores e a inflação do ano anterior (usando o índice INPC). O valor anunciado era apenas uma previsão de acordo com a expectativa da inflação. Como a inflação foi menor do que o esperado, o ajuste do Salário Mínimo ocorreu na mesma medida e esse orçamento foi aprovado no governo Michel Temer, apenas assinado pelo novo presidente. Nem foi comentado aqui sobre o quão prejudicial seria para nossa economia abalada, caso fosse aprovado apenas R$ 8,00 a mais.

Vamos às cores. Damares Alves, a nova Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, falou muito, mais que rosa e azul. Falou de preconceito, de respeito, de violência contra mulher, falou de abuso sexual, de pedofilia, falou também de irresponsabilidade midiática, de amor aos indígenas, de fortalecimento da família, de respeito à cultura dentro do caráter universal  dos Direitos Humanos, etc etc etc, mas o que foi veiculado foi a frase metafórica: "Menina veste rosa e menino veste azul". Aí é que temos que "desenhar".

Talvez não se saiba, mas a cor rosa só se estabeleceu como cor feminina na década de 1980, mas houve um caminho muito longo para isso.

Como as tinturas para os tecidos eram muito caras, durante muitos séculos, as crianças de qualquer gênero usavam roupas brancas até uns 6 anos de idade. Os tons pastéis (entre eles rosa e azul) só começaram a ser associados às crianças no século XX, um pouco antes da 1ª Guerra Mundial.

Fugindo um pouco das cores, abrindo-se um pequeno parêntese, para se falar em gênero, deve-se levar em consideração a ciência. Se pegarmos um exemplo de um fragmento de um osso encontrado há muitos séculos e fizermos um teste de DNA, poderemos constatar se aquele osso se trata de uma pessoa do sexo feminino ou masculino. Se a opção sexual dela é diferente, é irrelevante para a ciência, portanto, nascemos menino ou menina, isso é biológico, isso é irrefutável! A cor que irá usar será escolha de cada um, e não cabe ao Estado ou à escola o direcionamento, nem proporcionar ambiente para tal, pois, constitucionalmente, pertence aos pais cuidar e educar seus filhos, e o Brasil é signatário da Convenção Americana de Direitos Humanos e no Art. 12 inciso 4, diz que pertence aos pais a educação moral segundo as suas convicções. Então, esse papo de Ideologia de Gênero nas escolas, é papo furado e desnecessário. Escola tem que ensinar matemática, português, história, geografia, sociologia, filosofia, e já tá de bom tamanho.

Voltando às cores. Na época, porém, não havia uma distinção de gênero estabelecida às cores. Ou seja, Havia quem defendesse que a cor rosa era para os meninos e a azul para as meninas. A justificativa para isso era porque acreditavam que o rosa seria uma cor mais forte e decidida, já o azul, mais delicado e amável. Tudo uma questão de opinião, portanto, pura subjetividade.

Esse assunto gerou algumas polêmicas que fez com que, em 1927, a revista Time realizasse uma pesquisa e concluiu que as opiniões não eram unânimes, onde as lojas recomendavam tanto rosa para meninos e azul para meninas, como vice e versa ou rosa para ambos, sem distinções.

Após a 2ª guerra Mundial, uma época em que as jovens operárias trabalhavam com roupas pretas ou azuis, a esposa do presidente Dwight Eisenhower (1953-1961) Mamie, foi à festa de posse de seu marido com um exuberante vestido rosa, não satisfeita, passou a usar essa cor em muitos outros compromissos oficiais. Foi uma postura bastante vanguardista em época de pré-revolução sexual, e as operárias gostaram do contraste.

Foi então que no final da década de 1960 ouve uma espécie de "ruptura" nessa questão de vestuário tipicamente feminino e masculino por conta dos movimentos sociais e pacifistas e as vestimentas se tornaram unissex com roupas de gênero neutro permanecendo populares até meados da década de 1980 onde o rosa se impôs definitivamente na paleta de cores de produtos femininos para aquelas que apreciam essa cor em seus armários.

Como veem, cor é subjetivo. No decorrer dos anos mudam-se os costumes de uso, o que não se muda para alguns, são os valores morais e na verdade é o que realmente importa. Lê-se valor moral, aquele que respeita o pensamento do outro, ainda que discordante do seu, aquele que luta pelo mesmo objetivo, ainda que não concorde com sua opinião política, que saiba que o seu limite termina quando começa o do outro e que saiba ouvir com atenção e responder com amor.

Hoje a humanidade está desumana e armada. A palavra tem muito mais força e poder de destruição que qualquer indústria bélica. Se não pensamos como as pessoas que nos rodeiam pensam, somos considerados seus inimigos sem chances de expormos nossas ideias. Isso vale para qualquer lado.

O mundo está ficando muito chato. Ninguém mais conversa, só discute e por bobagem. No fundo no fundo, tudo acaba sendo apenas uma "questão de cor" e nada de profundidade.

foto: coletada da internet, desconheço autoria