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sexta-feira, 12 de maio de 2017

A MÃE DA VEZ


Que saudades dos bolinhos de chuva da D. Aurora. Que saudades dos doces da D. Cacilda, quituteiras de mão cheia. Essas duas eram imbatíveis na cozinha. Suas casas cheiravam, indiscutivelmente, casa de vó. Era bom estar lá. Brincando com as marionetes que a D. Aurora fabricava e nos deliciando com as canjicas, doces de casca de laranja e de abóbora com coco que D. Cacilda, com muita habilidade, preparava.

Mas não tem comparação com o cheiro de carne assada e molho da macarronada que D. Daisy fazia todo domingo. Acordava com o barulho da carne caindo no óleo quente... shhhhhhhh... e depois com aquele aroma inconfundível. Para mim, macarronada e carne assada tem cara de domingo na casa da D. Daisy.

Hoje não tenho mais isso. Não vivo mais isso. Que saudades das "mães" da minha vida. Hoje sou a mãe da vez. Até tenho os predicados dessas maravilhosas mães, mas o que será que desperto na lembrança dos meus filhos? Gostaria de saber.

Só sei que, o quanto pude, cafunguei no pescoço da minha mãe, observei o seu sorriso e comprovei sua conduta ilibada. Em muitas coisas quis ser como ela. Coisas de filha orgulhosa.

Mãe. Uma palavrinha tão pequena, mas carregada de uma enorme responsabilidade. A minha me deu a varinha de pescar e também o maior dos presentes que uma filha pode ganhar: dedicação, carinho e muito amor.

Saudades, mãe, quisera eu ser um terço para os meus filhos, do que você foi para mim!!


Às mães de plantão, um feliz dia!! Ontem, hoje e sempre, porque todos os dias são:

DIA DAS MÃES!!

foto: acervo particular

sábado, 10 de janeiro de 2015

MARIA FUMAÇA

Foto por Beatriz de Barros


Há muito tempo que não fazia uma coisa diferente. Comecei o ano de 2015 a todo vapor com um novo passeio para onde eu nunca tinha ido de uma forma que eu nunca tinha feito. Viajar de Maria Fumaça!

Neste passeio contei com a companhia de minha irmã mais velha e filho mais novo e pudemos desfrutar de um meio de locomoção que nos rebateu aos antigos tempos em que para chegar ao interior do Estado de São Paulo, contava com esse meio de transporte. O apito da locomotiva a vapor e o tátá tátá das rodas nos trilhos dão-nos uma sensação gostosa de participar da história, sem falar do cheiro de lenha queimando e paisagens com fazendas e animais pastando, modificadas pelo progresso e desenvolvimento da região, pois encontramos edificações mais modernas como os prédios de apartamentos, condomínios fechados de casas, muito comum na região e estradas asfaltadas ao longo da linha do trem. Usando os três sentidos (visão, audição e olfato) Partimos da Estação Anhumas (Campinas SP) com destino à Estação Jaguariúna na cidade de mesmo nome no Estado de SP.

Interessante como a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF cuida deste patrimônio com zelo. Fundada em 04 de setembro de 1977 pelo francês apaixonado por locomotivas a vapor e ferrovias, Patrick Henri Ferdinand Dollinger que, já naquela época, preocupado com o abandono da história, resolveu criar uma entidade de preservação nos mesmos moldes existentes na Europa e Estados Unidos. 

A primeira grande ação da ABPF foi instituir uma campanha nacional para impedir o sucateamento das locomotivas a vapor que conseguiu sensibilizar a administração da Rede Ferroviária Federal SA da época, como também obteve seu apoio. De uma só vez, a RFFSA cedeu a ABPF treze locomotivas a vapor desativadas. Bem, a ABPF precisava conseguir um ramal desativado para acomodar todo esse equipamento e dentre alguns trechos desativados no Estado de São Paulo, Patrick Dollinger optou pela antiga linha tronco da Cia Mogiana, entre Anhumas (Campinas) e Jaguariúna que somente em 1979 a FEPASA – Ferrovias Paulistas S.A. atendeu ao apelo da ABPF e cedeu, em comodato, este trecho de 24km.

Começou-se, então a empreitada de recuperação de locomotivas a vapor, carros de passageiros, vagões, estações, via permanente e sete anos depois, em setembro de 1984, era criado o Museu Ferroviário, com 24 km de extensão chamado de Viação Férrea Campinas-Jaguariúna – VFCJ.

Infelizmente, Patrick Dollinger não viu o seu sonho ser realizado por completo. No dia 17 de julho de 1986, faleceu nos Estados Unidos, vítima de um acidente automobilístico.

Com sede localizada na cidade de Campinas, a ABPF é composta de uma Diretoria Nacional e Divisões Regionais e Núcleos, espalhados pelo país, reunindo interessados na preservação da história da ferrovia brasileira, mas não conta com a ajuda governamental. Todo dinheiro arrecadado com as tarifas, lembrancinhas e alimentos que são vendidos nas estações e dentro dos trens são revertidos para manutenção e restauração do patrimônio ferroviário. Só para se ter uma ideia, o custo de reforma de uma locomotiva gira em torno de R$ 1.500 milhão e de um carro de passageiro não fica menos de R$ 500.000,00. Para isso a ABPF conta basicamente com voluntários para levar a história aos visitantes com passeios monitorados pelas ferromoças e ferromoços, bem como com alguns parceiros e qualquer pessoa pode colaborar financeiramente com este projeto, basta acessar o site www.mariafumacacampinas.com.br e se informar como fazer.

Fiquei maravilhada com a história deste empreendimento que o calor insuportável não atrapalhou em nenhum momento nosso passeio e nos divertimos muito com as apresentações musicais e histórias contadas pelo ferromoço que, a medida em que o trem avançava em seu destino, aparecia no carro para dar uma explicação para aquele trecho da viagem.

É um passeio para toda família que vale a pena fazer e eu recomendo, afinal por causa de um sonho de um estrangeiro, felizmente e por incrível que possa parecer, podemos conhecer mais um pouquinho a respeito da história de nosso país.


Foto por Inês de Barros
fotos: acervo pessoal





terça-feira, 17 de dezembro de 2013

OBRIGADA, SEMPRE OBRIGADA!!



Quando eu era criança tudo demorava muito tempo para acontecer. Natais, aniversários, carnavais e páscoas eram datas tão distantes que parecia que para chegar a estas festividades eu passava por uma eternidade.

A vida corria devagar, entre meus compromissos, que não variavam muito entre ir para escola e fazer as tarefas escolares, estavam o de não desarrumar o quarto e brincar. E como brincava. Dentro de casa com as irmãs e no pátio do prédio com os amigos de infância. Lembro-me de muitos deles, possivelmente todos. Tinha o encrenqueiro, o esquisitão, o sabidão, o apaixonado, o maluquinho, o inteligente, o estrangeiro, o bonitão, o mais feinho, o menos esperto, de todos os tipos e dos dois sexos, mas todos muito amigos e nos reuníamos na “roda” (lugar circular que dividia as duas torres de prédios, o bloco A e o bloco B, do condomínio) para jogar queimada, brincar de pique-esconde, passa-anel, estátua, jogar saquinho de areia, pular elástico, contar histórias, ler gibis, pintar quadrinhos com plasticor em tocos de madeira, que conseguíamos numa serraria ali pertinho, andar de bicicleta, skate e patins e quando tínhamos sede, a água da torneira era o melhor dos refrigerantes.

Era um condomínio imenso edificado na região central de Sampa. No Parque das Hortênsias, que tinha um jardim frontal repleto desta flor e uma árvore de jasmim (dama da noite), havia uma sala onde funcionava uma escolinha (muitas crianças frequentaram as aulas da professora Walli), que depois de alguns anos foi transformada na sala do ping-pong e ali disputávamos torneios com a turma que era imensa. Esta foi a minha primeira experiência escolar. Meu mundo foi neste prédio até o ano em que completaria 24 anos quando me casei, e realizamos a festa de casamento no mesmo salão de festas onde inúmeras vezes organizamos bailinhos regados a Cuba Libre e Guaraná. Foram 22 anos de muitas histórias, amigos e boas recordações.

Por ali passaram algumas celebridades. Édison Cabariti ou Edson Cury, o Bolinha, apresentador do Clube do Bolinha; Otto Glória (técnico de futebol); Celso Freitas (atual âncora do jornal da Record), Dany Roland (baterista do grupo Metrô que protagonizou a propaganda da USTOP que criou o bordão “Bonita camisa, Fernandinho”); o meu grande amigo Marcello Coria Massaini, que foi um dos Periquitos em Revista da Sociedade Esportiva Palmeiras e desde 2003 é o coreógrafo e diretor artístico do grupo, filho de Darcy Coria, atriz de diversos filmes na década de 50 e 60 como DE PERNAS PARA O AR e SAMBA EM BRASÍLIA e de Oswaldo Massaini (produtor e distribuidor de filmes brasileiros); Sergio e Arnaldo Batista (os irmãos Mutantes), e era muito comum ver a Rita Lee visitando a família Batista.

Da área de serviço do apartamento podíamos ver um terreno imenso pertencente à Cúria Metropolitana de São Paulo. Ali havia criação de uma diversidade de animais e podíamos ouvir galo cantando bem cedinho, cachorros latindo, cabra balindo, e porco grunhindo, principalmente quando chegava perto do Natal. Havia a Congregação das Irmãs de Santa Zita, uma espécie de convento, onde abrigava uma quadra em que os garotos da turma jogavam futebol, porém a entrada de meninas era proibida enquanto os meninos estivessem jogando e durante a permanência das meninas, os rapazes eram personas non gratas

Hoje já não se vê tudo isso. O que se vê é um edifício magnífico que acolhe diversas lojas e restaurantes, o Shopping Pátio Higienópolis, mas a Congregação de Santa Zita permanece de pé!!

Ali era tudo pertinho. O sapateiro, onde fabricava sapatos extremamente confortáveis, a quitanda, o açougue, a avicultura, os mercadinhos, a cabeleireira e manicure frequentada semanalmente por minha mãe, as farmácias com suas injeções de vidro e agulhas reutilizáveis, o dentista, a escola onde estudamos nossa vida toda indo da pré-escola até o término do atual ensino médio, a feira livre onde comprávamos sempre na mesma barraca, as lanchonetes e a padaria na qual um dia o filho do dono, após me servir os pãezinhos e o leite que eu havia pedido, perguntou-me se eu não queria levar sonhos também. Tudo se fazia a pé. Não havia ainda os grandes supermercados naquele tempo e o único Shopping era o Iguatemi, mas era longe. Contávamos com o comércio de rua, Largo do Arouche local dos restaurantes e onde comprávamos sapatos e Rua Augusta, onde comprávamos roupas. 

Tínhamos algo muito perto de uma vida do interior dentro do centro da grande metrópole. Nosso bairro era uma cidadezinha e nosso prédio um bairro desta, mesmo morando numa avenida, não havia tanto movimento. Subia em árvore, pulava o muro de um prédio para outro só para ir para casa de um colega no prédio vizinho (era muito mais prático). Bons tempos os meus antigos e bons tempos.

Como o prédio era imenso contando com 5 blocos distribuídos em 2 torres 18 andares e 2 apartamentos por andar, a turma do PH era grande e ainda vinham os agregados, amigos dos moradores, para compor. Quando nos reuníamos todos os sábados em frente ao prédio, ficava muito difícil de alguém conseguir passar pela calçada de tanto jovem conversando, rindo e debatendo sobre o que iríamos fazer para nos divertir. Era uma folia, mas por conta de um acidente automobilístico nas ruas do Pacambú, no qual Wandinha perdeu a sua vida, a Patrícia ficou gravemente ferida, mas sobreviveu graças aos bons cuidado que teve e hoje é cantora em Portugal e mais quatro jovens, Alberto, Silvia, Irany e Beatriz (esta última minha irmã) que tiveram ferimentos físicos de menor gravidade, a turma se dissipou diante de um acontecimento tão triste. Anos depois consegui reencontrar boa parte desta turma que ainda mantenho contato.

Namorei, casei-me, fiz faculdade, trabalhei, tive dois filhos a quem amo incondicionalmente, meus pais e avós já se foram, assim como tantos parentes, divorciei-me, casei-me novamente, novos amigos entraram em minha vida, reencontrei outros tantos, e a vida caminha de acordo com nossas frustrações e conquistas. 

Hoje ao completar 51 anos de existência, fiquei com muitas lembranças na mente. Da infância, da adolescência, da primeira viagem que fiz sozinha com uma amiga pra o norte do Paraná aos 14 anos, dos familiares que já se foram, dos amigos distantes, porém não menos presentes e aqueles que por algum motivo se afastaram, das alegrias, das conquistas, da aprovação no vestibular, do nascimento dos filhos, dos problemas, das tristezas, enfim da vida que vivi na medida em que ela foi se apresentando a mim. 

No balanço geral creio que o saldo foi positivo, apesar das rugas que insistentemente vão aparecendo, da falta de correspondência do corpo quando a mente quer fazer algo e do surgimento dos cabelos brancos, hoje me olho no espelho e vejo uma mulher feliz.

Agradeço imensamente à Deus por tudo que passei, por cada situação vivida, pois tudo Ele permitiu que eu vivesse para minha própria edificação e construção do meu caráter.

Agradeço aos meus pais por me orientar segundo os princípios cristãos e às minhas irmãs por de alguma forma me acompanhar e me apoiar.

Agradeço aos meu filhos por me mostrar como viver de forma mais leve e mais simples.

Obrigada, meus queridos amigos, por fazer parte da história da minha vida. 


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

MATERNIDADE


Na minha mais humilde opinião, não tem coisa melhor que a maternidade para uma mulher!!

Sempre pensei em ter filhos, quando soube que meu filho mais velho havia sido gerado e ele ainda era um embrião, eu fiquei tão feliz. Não sei se pelo fato das circunstâncias naquela época não terem sido favoráveis, pois em seguida, na verdade dois dias depois, minha mãe veio a falecer e sequer soube da minha gravidez por ter entrado em morte cerebral dois dias antes de eu pegar o resultado do exame no laboratório, ou se aquela vida que estava se desenvolvendo dentro de mim precisaria de todo meu apoio, dedicação e amor que eu estava pronta a dedicar.

Ele veio na hora certa, uma alegria num momento de muito sofrimento pela perda de um ente tão querido. Meu pai não cabia dentro dele mesmo, que ao dar-lhe a notícia me pegou no colo e deu um rodopio comigo de tão feliz que estava. Foram raríssimas as vezes em que testemunhei lágrimas nos olhos de meu pai, mas aquela era de felicidade ao saber que seria avô. Um misto de agonia e alegria, mas definitivamente esta criança veio para preencher um vazio que minha mãe estava deixando.

Por ele eu parei tudo! Dediquei-me inteiramente na educação deste menino. Acompanhei todos os passos de sua vida. Orientei nas coisas necessárias em relação à sua conduta. Ouvi suas queixas e suas aflições. Acompanhei seu desenvolvimento bem de perto tentando dar respaldo às suas questões mais complicadas.

E como Felipe foi desejado, amado! Hoje está um homem de quem eu tenho muito orgulho. Inteligente, carinhoso, é certo que tem um humor um pouquinho rude, mas é uma criatura maravilhosa e sempre atenta às pessoas de seu círculo. Ao começar seu estágio na área em que está se formando na faculdade de psicologia, vejo meu menino em seu primeiro emprego rumo ao mundo da responsabilidade e desenvolvimento profissional.

Parabéns, filho! Que Deus esteja sempre abençoando ricamente sua vida! Que você possa, no momento em que estiver confuso, levantar seus olhos aos céus e solicitar socorro d’Aquele que nunca nos falta. Que sua vida seja repleta de alegria e que a felicidade sempre bata em sua porta visitando todas as áreas de sua vida.

Saiba meu filho, que sempre poderá contar com sua mãe para conversar e minha oração neste momento é que Deus o guarde de todo mal.

Eu amo muito você, meu filho! Seja sempre esta pessoa maravilhosa!

foto: pintura de Tamara Lempicka 
        Maternidade
        (não tenho informação da técnica utilizada, do tamanho da tela nem do ano em que foi feita)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ANDRÉ, FILHO AMADO!!

Mais de 10 anos se passaram e meu sonho de ter o segundo filho já estava caído no esquecimento, afinal, era o ano de 2002, estava para completar 40 anos e Felipe já tinha lá seus quase 11 anos.

Durante este período eu passei entre em não mais evitar uma segunda gestação do que evitar, mas não engravidava. Foi no início do ano de 2002 que comecei com alguns problemas de ordem ginecológica com muitas dores e sangramento intenso e um pólipo instalado no meu útero. Por recomendações médicas, teria que esperar 3 ciclos para ver se o tal pólipo se desprendia e saía naturalmente e juntamente com esta espera teria que tomar anticoncepcional para equilibrar os hormônios. Após este período realizar um exame de ultrassom para avaliação do quadro.

Na época, em fevereiro de 2002, meu avô, o último dos “velhos” da família (meus pais, avós paternos e avó materna já haviam falecido) aos seus 99 anos, em 10 meses completaria 100 anos, veio a falecer e com a confusão e muita tristeza que me acometia, me esqueci de tomar a medicação indicada e esperei o próximo ciclo para iniciar.

O tempo passou e nada do ciclo iniciar novamente, e eu comecei a sentir dores e um pequeno sangramento acompanhando aquele desconforto todo. Antes mesmo de iniciar o tratamento, temerosa de que pudesse ter algo mais grave, resolvi fazer o exame de ultrassom, pois se algo mais grave estivesse acontecendo, seria a hora de tratar para não perder tempo.

Estava eu deitada na maca de exame e a médica fez as perguntas de praxe, inclusive sobre qual seria o motivo do exame, ao que lhe expliquei e dei todas as informações requeridas. Percebi que ela parou, olhou para a tela, olhou para mim e não sabia muito que dizer. Fiquei preocupada. Aí, ela virou-se para mim com um olhar mais doce que eu já tinha visto e com um sorriso nos lábios  e perguntou-me:

- "Você sabia que está grávida?"

O relógio parou para mim, como se o mundo todo fosse somente aquele momento. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, como agir, afinal havia marcado o exame bem cedinho para não atrapalhar minhas atividades profissionais, dali iria direto para o trabalho. Acho que ainda estava meio sonolenta. Saí do laboratório e me dirigi ao meu carro com todos os sentimentos possíveis rondando meu coração e mente. Um misto de felicidade e preocupação, com uma saudade imensa de meus progenitores de quem precisava tanto naquele momento de felicidade até para compartilhar com eles a alegria de uma nova vida chegando.

Que trabalho que nada, dali, voltei para casa e ainda consegui encontrar o pai dos meninos e Felipe em casa. Chamei os dois, que estranharam minha presença ali, pois contavam que eu só os veria à noite. Quando eu dei a feliz notícia da chegada de mais um membro da família, senti em seus semblantes uma ponta de incompreensão ao que estava dizendo, talvez pelo fato de eu estar tão festiva com a novidade. Quando esclareci melhor, o pai ficou estarrecido sem muita ação e Felipe desandou a chorar de emoção, pois sempre quis ter um irmão (não poderia ser uma menina, outra preocupação).

Cuidei daquela gestação com todo carinho do mundo, não muito diferente da primeira, mas esta requereu cuidados dobrados, pois quase perdi o bebê nos três primeiros meses. Até que nasceu André, menino forte, perfeito e lindo!

Foi amado e cuidado por todos nós com toda atenção. Felipe até hoje mais parece um pai que um irmão.

Não fazemos distinção entre filhos, amo os dois com a mesma paixão, mas tenho que admitir que André é um filho além de muito carinhoso, como o irmão, é o meu companheiro de todas as horas. Interessado sempre no meu bem estar, exagera no seu amor.

Hoje, André completa 11 anos de vida, Deu e está dando muito trabalho para fazê-lo entender que não sou somente dele, mas quem recusa tanta dedicação e amor assim vindo de um filho tão carinhoso e companheiro, não é mesmo?!


foto: arquivo pessoal

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O AMOR ESTÁ NO AR

Tenho contado muitas histórias de André e para o filho nº 1 não ficar enciumado, vou relatar algumas historinhas dele também.

Felipe tinha uns 7 ou 8 anos e apaixonou-se pela Bárbara, uma amiguinha da escola. Era Bárbara prá cá, Bárbara prá lá e um dia, 12 de junho de um ano qualquer, dia dos namorados, eu e Felipe fomos ao shopping e ele me pediu para comprar um presentinho para sua namoradinha.


Tanto fez, tanto pediu e acabei comprando uma lembrancinha que não me lembro do que se tratava. Saindo do shopping, Felipe disse que era para irmos direto para a casa da Bárbara que ele queria dar o presentinho naquele dia mesmo, mas já eram quase 19h e aparecer por lá sem avisar eu achei que iria ficar chato, mas como um típico taurino não quis saber e teimou que deveria ser naquele dia.

Lá fomos nós para a casa da Bárbara sem avisar mesmo. Chegando lá, o pai dela, um sujeito excêntrico todo descabelado, nos recebeu e eu quem tive que dizer a que tínhamos ido para lá. Disse que Felipe gostaria de entregar uma lembrancinha para Bárbara e ele nos fez entrar. Ao chegar à sala, percebi um vulto correndo rumo à parte íntima da casa. O pai de Bárbara nos fez sentar no sofá enquanto sentou-se numa poltrona próxima a nós. E ali ficamos jogando conversa fora à espera da donzela aparecer e Felipe lhe entregar seu presente.

E nada de Bárbara chegar. Felipe que estava comportadinho sentado ao meu lado no sofá, já impaciente, virou-se para mim e perguntou:

- Mãe, vai demorar muito?!

Ao que lhe respondi:

- Vai se acostumando...

Alguns instantes depois, Bárbara aparece na sala com seu melhor vestido, toda penteada e perfumada. Os olhinhos dos dois brilharam de alegria ao se encontrarem. Ele, destemido, se dirigiu a ela e entregou-lhe o presentinho e ela, nada tímida, o recebeu e deu-lhe um beijinho no rosto.

Missão cumprida, fomos para casa, afinal de contas eles ainda iriam se encontrar cedinho no dia seguinte na escola.

Não basta ser mãe, tem que pagar mico!!!

foto: desenho da internet (desconheço a autoria)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

COMPRINHAS NA PADARIA

Todo mundo certamente já ouviu a expressão: “Segurei para não rir, mas não consegui!”

Outro dia levei a maior bronca do Ricardo. Fomos à padaria, eu Ricardo e André. Esta padaria está sempre abarrotada de gente no maior burburinho com muita gente falando, mas naquele dia estava especialmente silenciosa. Parecia que todo mundo foi para lá sozinho e ninguém conhecia ninguém.

Fomos até a fila do pão e em seguida para a fila do caixa.

Quando nos dirigíamos para lá, um senhor magrinho de cabeça branca entrou na minha frente e Ricardo não percebeu que eu e André havíamos ficado para trás. Ao chegar perto do grandão ele me disse: 

- Onde você estava?! Fui andando em direção ao caixa com a mão para trás e nada de você me dar a mão!! Me viro e dou de cara com um velhote olhando para a minha mão estendida. Quase que peguei na mão dele!!

Desmanchei-me de rir. Comecei a gargalhar imaginando Ricardo procurando minha mão e o velhote fugindo da mão dele com cara de bravo. Gargalhava tanto e quanto mais eu tentava parar de rir, mais eu ria. Só dava eu me esborrachando de tanto rir e ninguém entendendo nada do que estava acontecendo. André ficava me perguntando o que tinha acontecido, Ricardo se contagiou com minha risada e desembestou a rir e aí sim que eu não conseguia explicar para André o motivo de tanta risada. A padaria num silêncio sepulcral e os dois tontos rindo, até o André fez cara de “ué?” e começou a perguntar o que tínhamos bebido.

Imaginem se Ricardo tivesse conseguido pegar na mão do velhote!!! Teriam que chamar o SAMU para mim, pois teria um colapso de tanto rir!!!

foto: coletana da internet (desconheço autoria)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

KIKO

Um rottweiler chegou até mim com 40 dias.

Uma bolinha de pelo que dormia o tempo todo, um filhotinho mais doce que já tinha visto.

Foi crescendo e junto com ele a sua curiosidade por tudo que o cercava. Roeu móveis, fios da máquina de lavar, botões da máquina de secar e preencheu meu quintal com uma vida imensa.

Na hora de dormir, ele permanecia embaixo da minha janela a noite toda, muito embora tivesse o espaço dele bem resguardado do sereno e da chuva. Latia muito pouco, somente para marcar presença quando sentia ameaça iminente. Mas ao comando de minha voz ele percebia que tudo estava calmo e se aquietava.

Brincava com André feito criança. Não podia vê-lo que achava que era um brinquedinho seu. A medalha de judô que André ganhou, devemos aos treinos do personal trainer KIKO!!

Belo cão com seu pelo negro brilhante e bem cuidado. Adorava tomar banho. Ficava quietinho. Era carinhoso, dócil e meigo. Ninguém podia me abraçar sem que ele manifestasse seu ciúme afastando as pessoas de mim. Não rosnava, não mordia, apenas enfiava sua enorme cabeça entre mim e a pessoa que estava me abraçando e a afastava com toda delicadeza. Acho que ele aprendeu isso com o André.

Podia tirar o prato da ração dele sem o menor medo, mas o osso dele... ahhhhh... Desse ele cuidava com toda atenção para que não ficasse sem. Como não tem terra no quintal, ele escondia o osso nos cantinhos ou atrás de algo que somente ele conseguiria achar (assim pensava ele).

Era só eu chegar ao quintal que lá vinha ele com os brinquedinhos dele. Entregava-me todo babado para que eu jogasse longe para buscar. E de novo, de novo, de novo. E não me deixava entrar em casa me cercando e me empurrando contra o muro. O bicho era bem mais forte que eu e para enganá-lo eu jogava o brinquedo para buscar e entrava correndo em casa. Só que o meu bichão era muito inteligente. Aprendeu logo a perceber as minhas artimanhas e não arredava pé de perto de mim, pois carente como era, queria que eu ficasse o dia inteiro só brincando com ele.

Era só eu chegar à cozinha para preparar o almoço que lá vinha ele pedir qualquer coisa. Adorava frutas e verduras. Era o verdadeiro cão chupando manga. Batata, repolho, cenoura, manga, maçã, pêssego, ameixa, cereja... Só não comia banana, chique o meu cão, viu?!

Aprendeu a sentar com o estalar dos dedos, a não entrar em casa e ele me ensinou a amá-lo de tal forma que a primeira coisa que eu fazia ao abrir a porta da cozinha era procurar por ele. 

Daí o meu bichão começou a mancar. A me ver com o olhar distante. Não estava mais tão ágil como era. Sentia dores nas patas e pernas. Tremi. "Alguma coisa de errado meu bichão tem".

Fui atrás de respostas e... Cinomose. Infelizmente optei pelo sacrifício, pois não queria ver aquele que me deu tanta alegria sofrer e eu sem condições financeiras, físicas e psicológicas para tratá-lo.

Chorei, feito criança que perde seu mais precioso brinquedo. Durante muito tempo ainda o procurava no quintal e permanecia lá durante algum tempo só me recordando das brincadeiras.

Em dezembro de 2012 fez um ano que KIKO se foi, mas é uma lembrança muito boa em minha memória, na certeza de que cão fiel e dócil igual a ele jamais encontrarei.



fotos: arquivo pessoal

sábado, 24 de agosto de 2013

BÓRIS

Há um ano, André, ao retornar da escola todo ressabiado, veio com a seguinte história: “Mãe, o Bruno perguntou hoje para mim se eu gostaria de adotar um cachorrinho. Ele soube que eu fiquei muito triste com a morte do KIKO e disse que a cadelinha dele iria dar filhotinhos e gostaria de saber se ficaríamos com um.”

Difícil decisão, pois a cinomose venceu meu cachorrão e não poderíamos ter nenhum cachorro em casa num período de um ano para termos um outro companheiro que viesse vacinado ou de 6 anos para um que viesse sem a vacina e havia se passado somente 6 meses. Ainda teria que convencer Ricardo, pois já havia sinalizado que não queria mais pelo fato de ter sofrido muito com a perda de KIKO.

Pois muito bem, conversei com André a respeito e o posicionei que iria convencer Ricardo que se manteve resistente o tempo todo. Orientei-o para dizer ao seu colega que o bichinho só poderia vir para casa se seguisse aquelas orientações já expostas.

O tempo passou e nada de notícias do tal bichinho que em dezembro, quando completasse um ano da morte de KIKO deveria vir para casa. Nada de se falar sobre o assunto e eu já até havia me esquecido, até que em março deste ano recebi a notícia de que a cadelinha havia dado cria. Bem, aí o tempo de recomendação já havia passado e era só aguardar que o cachorrinho fosse vacinado.

Antes da 3ª dose da vacina fomos visitar a ninhada e fui recebida por um cachorrinho pequenininho que veio até mim e me olhou com cara de pidão querendo colo. Imediatamente o peguei nos braços e ele se aninhou de tal forma que na hora eu quis trazê-lo para casa. Coloquei-o no chão ele foi até seus irmãos e voltou erguendo as patinhas dianteiras nas minhas pernas querendo o meu colo novamente. Claro que o peguei. Naquele momento percebi que ele tinha me escolhido e eu imediatamente o adotei.

Quando ele recebeu a 3ª dose, e nós ansiosos por recebê-lo, ele adoeceu. Provavelmente pela reação à vacina e esteve internado por dois meses. Por duas vezes quase morreu. Seus níveis de resistência praticamente chegaram a zero e achamos que o perderíamos. Foi tratado com todo carinho até que foi se recuperando. Voltou para casa e a irmãzinha de Bruno, Elisa, cuidou dele com esmero aplicando-lhe vitaminas e o fazendo se alimentar. Imagino o stress que este cachorrinho tão pequeno passou com tão pouco tempo de vida.

Enquanto ele não se fortalecesse, fiquei receosa de trazê-lo para casa com medo de que adoecesse de novo por sentir falta de sua família e de seus cuidadores que lhe davam tanto carinho. Esperei mais algum tempo até que o veterinário deu alta dizendo que já poderia ser adotado por nós.

Chegou, finalmente, o dia em que fomos buscá-lo. Ele estava muito assustado e diferentemente dos irmãos que vieram nos receber fazendo um baita alarde, Bóris se escondeu dentro da casa e sumiu. Parecia que ele estava prevendo que dali sairia.

Recebemos as instruções necessárias para o cuidado diário e fomos à cata do pequeno para irmos embora. A despedida foi triste e dolorosa, principalmente por parte de Elisa que não parava de acariciar Bóris já com muita saudade.

Chegando em casa Bóris se sentiu acuado, desconfiado, assustado num ambiente desconhecido por ele, sem o cheiro habitual. Curioso, cheirou cada pedacinho da casa. Não comeu, pouca água bebeu e nos olhou com cara desconfiada se escondendo num canto da sala perto da porta de entrada como se tivesse a certeza de que a abriríamos para poder sair e voltar para sua família.

Tivemos que ter muita paciência no trato do bichinho assustado. Demos uma caminha quente e confortável para dormir e muito amor e carinho para que ele se sentisse em casa. Não queria brincar ou comer, fiquei preocupada. Para que ele comesse, eu me sentava no chão e dava sua ração na boca feito um bebezinho. Assim ele comia. Aos poucos fui colocando em seu prato para que dali se alimentasse.

Hoje, quinze dias depois, Bóris está totalmente adaptado fazendo das suas. Já se meteu com meu chinelo, cavou um buraco no meu canteiro de tempero, vindo com a maior cara de pau cheirando a alecrim e sálvia, corre alegre pelo quintal e late para a cachorrada da rua para avisar que agora esta casa é território dele. Logo pela manhã não sai de casa para fazer xixi sem antes dizer bom dia para todos. É o meu companheiro. Acompanha-me feito sombra para onde eu vou e fica deitado aos meus pés quando estou no meu cantinho. Quando quer brincar sai correndo e volta me desafiando a jogar brinquedos para pegar e trazer de volta. Preencheu um vazio enorme com a falta de nosso cachorrão KIKO.

Seja muito bem-vindo meu cachorrinho valente que venceu o maior obstáculo da vida e até aqui se mostrou vitorioso. Que possamos ter muita felicidade com sua permanência nesta família que muito amor e carinho tem a oferecer!! Amamos você!!

foto: por Inês de Barros
        Bóris
       AGO/2013


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

MINHA PEDRITA

Não me lembro de quando eu ganhei minha querida boneca Pedrita, mas ela não saía do meu lado. Devia ter uns 3 ou 4 anos quando Pedrita chegou para mim com aquela carinha levada e com um lindo ossinho no topo da cabeça rodeado por uma chuquinha. Era o meu penteado preferido, pedia para minha mãe fazer sempre em mim para ficar parecida com a minha bonequinha.

Para onde eu ia, tinha que levar minha boneca. Eu brincava com ela o dia inteiro, levava-a para passear, conversava com ela e à noite se ela não estivesse comigo na cama, não dormia.

Nessas idas e vindas, acabei perdendo minha amada boneca. E como eu chorava. Como eu sentia saudades da minha companheira. Como ela me fazia falta...

Não comia, não dormia enquanto não achassem a minha Pedrita. Mas tinha que ser a MINHA PEDRITA. Não podia ser uma nova bonequinha, tinha que ser a mesma!!!

Coitados dos meus pais. Procuraram, procuraram e procuraram.

Um dia, a campainha de casa tocou. Minha mãe veio toda sorridente e me falou: “Inês, filha, tem visita na porta, vamos ver quem é!”

Corri para a porta da sala e na ponta dos pés alcancei a maçaneta e abri. Meus olhos se encheram de alegria, minha respiração ficou mais ofegante quando vi minha bonequinha de pé com os bracinhos abertos para mim. Minha voz saiu de um estalo da minha garganta e num grito de felicidade eu disse: “MINHA PEDRITA VOLTOU!!”

Minha querida boneca retornara. Não sei dizer se era uma nova bonequinha ou se a antiga Pedrita, mas a alegria era tanta que, sinceramente, não percebi a menor diferença.


Perder objetos e ter emoções negativas faz parte da vida, reencontrar também, mas felicidade igual àquela de reencontrar meu bem mais precioso creio que não vivi. Marcou indelével em meu coração.

foto: coletada na internet (desconheço autoria)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM CANO ESTOURADO E MUITAS RECORDAÇÕES

Na última semana de julho de 2013, antes do retorno das férias escolares, fui ao socorro de minha irmã mais velha, Beatriz, que sofreu com um rompimento de um cano num quarto de despejo, onde ela guardava várias coisas, inclusive recordações como desenhos, livros e muitas fotos.



Chegando lá pude perceber a catástrofe com vários pertences (quadros, papéis e documentos) espalhados pelo quintal na tentativa de recuperar a maior parte possível da “enchente”. O trabalho foi árduo, mas valeu à pena cada esforço, pois conseguimos, além de organizar tudo, salvar muitas fotos da ação ingrata da água.




Creio que a demora do trabalho se deu pelo fato de que, a cada papel, a cada carta e principalmente a cada foto, nos lembrávamos das ocasiões onde e porque foram tiradas.




Encontrei fotos dos meus pais mocinhos dançando, minha avó em traje de melindrosa num carnaval, eu com minhas irmãs ainda crianças dando pão para os patos no Lago da Praça mais importante de Águas de Lyndóia em frente ao Hotel Tamoyo, montando cavalo, andando de charrete, nos divertindo em piscinas e brincando na areia da praia. Meu pai não perdia oportunidade de nos clicar. Foi o máximo rever todas aquelas fotos e viajar no tempo revivendo cada momento de tempos muito bons que não voltam mais (sem saudosismo, mas com muita saudade).


Temos dois primos em segundo grau que desde crianças brincávamos. Quando nos encontrávamos era muito bom e numa determinada época, mantínhamos muito contato e saíamos quase todos os finais de semana. Íamos ao Playcenter, ao cinema, ao teatro, dançar ou apenas ficávamos em casa conversando até altas horas rindo muito. Chegamos a participar, por acaso, de gravações de novelas  como Aritana na TV Bandeirantes, numa casa noturna, onde tivemos alguns momentos de celebridade, aí avisamos a família toda e os amigos para que não perdessem o capítulo que passaria em um determinado dia para nos verem.


Encontrei uma foto, que julgava estar perdida. Quem se lembra do Bierhalle - O Pavilhão da Cerveja na Av. Lavandisca em Moema em São Paulo/SP?! O ano era o de 1970 e alguma coisa, quase 1980 em que fomos a um baile de carnaval e, festeiros como éramos, "rasgamos a fantasia", eu vestia um sarongue amarelo e Beatriz vermelho. Naquele dia, tivemos um dos poucos registros desses nossos passeios.

Agradeço muito aos avanços tecnológicos, pois se esse acidente na casa de minha irmã tivesse acontecido há alguns anos, iríamos brigar para ver com quem ficariam as fotos ou esperar alguns dias e a boa vontade de uma de nós duas para mandar em um fotógrafo para fazer cópia, pois não temos os negativos. Bendito scaner!! O difícil foi convencer minha irmã que devolveria as fotos após escaneá-las!!

fotos: arquivo pessoal

segunda-feira, 1 de julho de 2013

FALANDO EM VIAGENS...


Algumas foram realmente memoráveis!! Isso aconteceu na década de 70.

Minha mãe não dirigia, então papai destinava o motorista da empresa para nos levar e trazer das invencionices de mamãe. Pobre Antônio, gente boa e adorava minha mãe, fazia tudo ao gosto da patroa.

Certa vez, juntamos uma turma (essa turma - capítulo à parte nas minhas recordações dos tempos do Edifício Parque das Hortênsias), bem voltando, juntamos uma turma de rapazes e moças e a única adulta dentre essa galera toda era minha mãe que por vezes parecia a mais adolescente de todos ali. E havia mais três maiores de idade com carteira de motorista.

Eram bem uns quinze nessa viagem e, na famosa Kombi, Antônio começou a descer rumo ao litoral norte de São Paulo - Destino: Caraguatatuba!! Acampando.

A viagem foi uma farra. Três carros na estrada com barracas, mantimentos e muita alegria própria dos adolescentes e minha mãe curtindo tudo aquilo.

Chegamos em Caraguá, montamos acampamento e ficamos os quatro ou cinco dias com chuva. Ai... que péssimo.

A viagem estava no fim e Antônio a caminho para nos buscar. As provisões da viagem haviam acabado e já estava na hora de retornar ao lar doce lar.

Fizemos muitas amizades, o que foi azar de meu pai, pois um e outro ouvira dizer nas rádios que as previsões do tempo relatava que o Rio de Janeiro estava com condições climáticas extremamente favoráveis aos caça sol e praia!!

Bem... resumo da ópera. Convenceram mamãe em pegar a Rio-Santos rumo à cidade Maravilhosa, afinal estávamos em férias!!

Claro que Antônio acatou as ordens de mamãe sem questionar. Ela apenas não se atentou ao detalhe de que nosso alimento já havia acabado e que o motorista tinha dinheiro apenas para voltar à São Paulo. E naquela época não tínhamos a facilidade que temos hoje de celulares, caixas eletrônicos, cartões de débito, crédito e o abastecimento de combustível era racionado (lembram disso?!).

Mas nada importava e descemos a serra naquela caravana de adolescentes rumo ao Rio de Janeiro.

Chegamos no acampamento de madrugada e exaustos ainda tínhamos que montar as barracas. Terminada a tarefa, mamãe dispensou o motorista que voltou para São Paulo. No dia seguinte, telefonou para meu pai que estava com os nervos à flor da pele porque sua família não retornara. Ele já tinha mobilizado toda a polícia rodoviária à cata da mulher e filhas em vão. Acabou achando, não sei como, o coitado do motorista na estrada sem gasolina e sem dinheiro para abastecer.

Ficou furioso. Minha mãe ligou para pedir que ele enviasse dinheiro para que pudéssemos ficar mais alguns dias no Rio de Janeiro nos divertindo. Mas qual!! Papai se recusou mandar e disse à mamãe que se virasse. Tínhamos dinheiro para apenas uma refeição. Não fosse a família de uma amiga querida de minha mãe que morava na Tijuca, acho que estabeleceríamos residência temporariamente no Rio de Janeiro.

Mas a coisa não foi assim tão fácil de resolver. Tivemos que pegar ônibus com a barraca e malas do Recreio dos Bandeirantes até a Tijuca, pois não tínhamos como pegar táxi.

Passamos a noite na casa dessa família espetacular, mamãe pegou dinheiro emprestado para retornarmos de ônibus para São Paulo e deixamos a barraca lá para depois ser resgatada.

Resultado: 
Não vi a cara da praia e ficamos num vai e volta dentro de ônibus pelo Rio de Janeiro.

O resto da turma?! Ficou no acampamento, evidentemente.

Antônio?! Bem... não sei ao certo como o problema dele foi resolvido, pois não podíamos nunca mais comentar sobre essa viagem com meu pai. Era assunto proibido em casa. Mas por certo meu pai deve ter ido atrás dele na estrada e abastecido a Kombi.

A barraca?! Sei lá. Nunca mais soubemos do paradeiro dela. Meu pai sumiu com ela.

fotos: coletadas na internet (desconheço a autoria)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

NOITE ITALIANA



Ontem fiquei emocionada, meu bebê definitivamente está crescendo. Mas ainda não o perdi.

A cada dia que passa, André se torna mais sério e compenetrado sem, contudo, perder o bom humor, o riso largo e a perspicácia que lhe é inata. Sério, mas lapidado pelas experiências vividas nos seu vasto 10 anos de vida.

Outro dia ele aprontou uma peraltice e ficou de castigo. Permaneceu sem TV e sem passeio até que terminasse de cumprir uma determinada tarefa que lhe dei que foi escrever em algumas folhas de caderno uma frase que o fazia lembrar para sempre que não deveria cometer o mesmo erro.

E ele enrolou para fazer isso, mas cumpriu não assistindo TV, pelo menos não os desenhos animados que costuma ver. Só que de vez em quando dava uma escapulida para a sala e ficava vendo os programas que gosto como noticiários, shows no canal BIS, documentários no Discovery Chanel e History Chanel e alguns filmes compatíveis com sua idade. Muitas vezes faço vistas grossas, afinal de contas são programas saudáveis e no mínimo está aprendendo alguma coisa.

Percebi que durante este tempo ele amadureceu. Não escreveu o que deveria, mas percebi certa mudança em seu comportamento que tem se apresentado mais calmo. Desenvolveu mais seu senso crítico, tem ouvido mais música e lido livros, coisa que ama fazer.

Mas do que André gosta mesmo é de cozinhar, em nada puxou à mãe, que, muito embora cozinhe bem (modéstia à parte), não gosto muito de realizar esta tarefa. Ele vive lendo livros de receita e fazendo bolos. Incrível como tem prazer em mexer nas panelas, até me pediu para colocá-lo em um curso de gastronomia para crianças que tem aqui na cidade.

Voltando à minha emoção relatada no início, ontem André me fez uma pequena surpresa. Enquanto estava aqui escrevendo meus textos (quando faço isso parece que me desligo do mundo), André preparou-me uma noite italiana. Vestiu sua roupa social de mafioso (calça e camisa social pretas) e disse para eu tomar meu banho e colocar um vestido. Quando cheguei à mesa para jantarmos, esta estava posta com uma deliciosa macarronada com molho de linguiça acompanhada de uma garrafa de vinho. Na decoração, havia velas.

Saboreamos a deliciosa macarronada com gostinho de quero mais. Olhei para aquela criança que está quase do meu tamanho, com o sentimento de saudade do meu bebê, mas com o orgulho de tê-lo ajudado a se desenvolver de maneira digna.

Sei que muitas surpresas ainda virão e pelo andar da carruagem, espero que sejam gratas surpresas.

Feliz da mulher que se casar com ele!!

sábado, 4 de maio de 2013

RESUMINHO RÁPIDO

Há 50 anos, nasci, com certeza deve ter sido um dia feliz para meus pais. Completei meio século em 17/12/2012. 

Já tinha uma irmã mais velha e não me conformava com a quietude daquela menina de cachinhos dourados e olhos verdes. Tadinha dela, eu não dava nem um minuto de sossego sequer. Só vim a entender o que minha mãe dizia: "Menina, onde está o botão de liga e desliga?!", quando nasceu meu segundo filho André (o primeiro chama-se Felipe). Os dois são fruto do meu primeiro casamento.

Não era peralta, mas cheia de vida e curiosidade com tudo o que estava ao meu redor. E queria simplesmente fazer o que todas as crianças da minha idade queriam... brincar!

Tempos bons. Viagens com papai e mamãe. Estávamos sempre na estrada. Hora com as tias avantajadas de papai, hora com as tias sensatas de mamãe. Tudo dentro de uma Kombi com direito a muitas frutas (principalmente laranjas) para as provisões de viagem.

E os pic-nics na estrada? Aquela farra!! Com carteado e leitura da sorte nas cartas que uma tia-avó fazia (claro que dizia que iríamos nos casar com o  homem dos nossos sonhos, ganhar muito dinheiro e seríamos felizes para todo o sempre AMÉM!!)

Quatro anos mais tarde chegou minha irmã mais nova.

Formada em Administração de Empresa pela PUC/SP, hoje só gerencio meu lar, me meto a fazer arte com meus pincéis, lápis, tintas, ferramentas, madeira e colocar as mãos na terra cuidando das plantas do meu jardim e pequeno canteiro de temperinhos.

Sou de personalidade alegre e dificilmente perco o bom humor, mas o que me tira do sério é a injustiça e ignorância.

Essa sou eu, mulher cheia de esperança com a certeza de que Deus tem abençoado minha vida ricamente me dando muito mais do que merecia.

foto: arquivo pessoal