segunda-feira, 17 de agosto de 2015

MÃES

O papel de ser mãe não é fácil. Cada uma delas realiza suas atribuições maternais de diversas formas. Umas são mais práticas, outras mais amorosas, tem as mais duras e até aquelas que não exercem seus papeis. Em nenhum dos casos temos o direito de questionar ou de julgar a maneira pela qual cada uma delas age, mesmo porque não estamos em todas as situações e não vivemos cada um desses relacionamentos.

Lembro-me muito bem, antes de ter filhos, que sonhava com a possibilidade de fazer uma carreira e ser uma grande executiva. Ao engravidar, estava há algum tempo estagiando em uma companhia de transportes e pude reparar que meu coordenador possuía dois bips (naquela época não havia celulares). Aquele “brinquedinho” “bipava” à torto e à direito não dando sossego para que ele pudesse trabalhar com tranquilidade. Um dia meu chefe me confidenciou que teria que deixar o aparelho ligado durante o final de semana também. Fiquei pensando no inferno que seria a vida dessa pessoa e de sua família. Resolvi que não queria isso para mim.

Ao terminar a faculdade, grávida de 5 meses, estava no ápice da minha felicidade. Meu filho nasceu e surgiu uma oportunidade de trabalhar em uma multinacional, mas meu bebê tinha somente 20 dias de nascido e a empresa não poderia esperar. Naquela época, creches não eram confiáveis, minha mãe havia falecido e não percebi pré-disposição por parte da outra avó em cuidar do neto. Por outro lado, acreditava, e ainda acredito, que os filhos devem ser educados pela própria mãe. Desisti do emprego e decidi cuidar do meu filho, da família e da casa. Não me arrependi, faria tudo de novo.

Sabia que isso implicaria em muitas coisas. Em primeiro lugar a questão financeira ficaria mais apertada. Em segundo lugar, ficaria mais em casa e deixaria de ter contato mais estreito com o mundo fora da “bolha”. Mas a vantagem era muito grande. Estaria com meu filho, lambendo a cria e acompanhando o desenvolvimento daquele ser bem de pertinho.

Meu filho cresceu com todo cuidado que uma mãe zelosa pode oferecer, o tempo passou, e a possibilidade de encontrar um trabalho cujo custo benefício fosse favorável tornou-se muito difícil. Fiz um bico aqui e outro ali, até que voltei ao mercado de trabalho e engravidei novamente, e, pela segunda vez, tive que optar entre cuidar da família ou continuar trabalhando. Evidentemente escolhi a família.

De novo, meu segundo filho cresceu em formosura debaixo do meu zelo cuidado e amor e fiz um bico aqui e outro ali, mas para ingressar novamente em uma empresa ficou muito mais difícil não pela minha incapacidade laboral, coisa que não tenho, mas pela minha idade cronológica. Mais um vez me vi em casa cuidando da família, coisa, diga-se de passagem, que amo fazer.

O casamento não estava indo bem e o divórcio acabou sendo inevitável. Em nenhum momento coloquei filho contra pai e a todo momento defendi a moral da pessoa com quem me relacionei por quase 25 anos, não permitindo que ninguém falasse mal ou se referisse a ele de maneira chula, muito pelo contrário, fato é que até hoje, minha família o tem, junto com a família dele, como amigo e por eles tem muito apreço. Tentei me reerguer profissionalmente, porém não tive sucesso.

Não sei como dizer o que quero sem dar maiores detalhes, mas depois de anos de dedicação à família, sem direito à “indenização” por “quebra de contrato”, é duro perceber a acusação de negligente no trato com os filhos por pessoas que simplesmente não me conhecem e pior ainda, pela pessoa que me conhece e muito bem.

Saber dessas coisa me deixa entristecida, mas assim é a vida. Fica aqui um desabafo, pois eu consigo deitar minha cabeça no travesseiro e dormir com tranquilidade sabendo que em nenhum momento dessa vida prejudiquei emocionalmente ou moralmente alguém.

Existe uma passagem na bíblia cujo contexto nos dá uma advertência sobre não sermos soberbos em pensar que em quanto mais fortes pensamos ser, mais atentos devemos ficar para que não caiamos, pois “a soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16.18). Lendo o capítulo de I Coríntios 10 desde o seu começo percebemos que os antepassados, muito embora tivessem usufruído das questões espirituais como batismo e rituais de louvor ao Criador, Deus não se alegrou deles, pois desobedeceram quando começaram a cobiçar coisas más, ao serem idólatras, queixosos e murmurantes até sentando no próprio rabo para apontar para o rabo alheio (“todos pecaram e carecem da glória de Deus” Romanos 3.23). 

Portanto:

“Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia” (I Coríntios 10.12)

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