sábado, 24 de agosto de 2013

BÓRIS

Há um ano, André, ao retornar da escola todo ressabiado, veio com a seguinte história: “Mãe, o Bruno perguntou hoje para mim se eu gostaria de adotar um cachorrinho. Ele soube que eu fiquei muito triste com a morte do KIKO e disse que a cadelinha dele iria dar filhotinhos e gostaria de saber se ficaríamos com um.”

Difícil decisão, pois a cinomose venceu meu cachorrão e não poderíamos ter nenhum cachorro em casa num período de um ano para termos um outro companheiro que viesse vacinado ou de 6 anos para um que viesse sem a vacina e havia se passado somente 6 meses. Ainda teria que convencer Ricardo, pois já havia sinalizado que não queria mais pelo fato de ter sofrido muito com a perda de KIKO.

Pois muito bem, conversei com André a respeito e o posicionei que iria convencer Ricardo que se manteve resistente o tempo todo. Orientei-o para dizer ao seu colega que o bichinho só poderia vir para casa se seguisse aquelas orientações já expostas.

O tempo passou e nada de notícias do tal bichinho que em dezembro, quando completasse um ano da morte de KIKO deveria vir para casa. Nada de se falar sobre o assunto e eu já até havia me esquecido, até que em março deste ano recebi a notícia de que a cadelinha havia dado cria. Bem, aí o tempo de recomendação já havia passado e era só aguardar que o cachorrinho fosse vacinado.

Antes da 3ª dose da vacina fomos visitar a ninhada e fui recebida por um cachorrinho pequenininho que veio até mim e me olhou com cara de pidão querendo colo. Imediatamente o peguei nos braços e ele se aninhou de tal forma que na hora eu quis trazê-lo para casa. Coloquei-o no chão ele foi até seus irmãos e voltou erguendo as patinhas dianteiras nas minhas pernas querendo o meu colo novamente. Claro que o peguei. Naquele momento percebi que ele tinha me escolhido e eu imediatamente o adotei.

Quando ele recebeu a 3ª dose, e nós ansiosos por recebê-lo, ele adoeceu. Provavelmente pela reação à vacina e esteve internado por dois meses. Por duas vezes quase morreu. Seus níveis de resistência praticamente chegaram a zero e achamos que o perderíamos. Foi tratado com todo carinho até que foi se recuperando. Voltou para casa e a irmãzinha de Bruno, Elisa, cuidou dele com esmero aplicando-lhe vitaminas e o fazendo se alimentar. Imagino o stress que este cachorrinho tão pequeno passou com tão pouco tempo de vida.

Enquanto ele não se fortalecesse, fiquei receosa de trazê-lo para casa com medo de que adoecesse de novo por sentir falta de sua família e de seus cuidadores que lhe davam tanto carinho. Esperei mais algum tempo até que o veterinário deu alta dizendo que já poderia ser adotado por nós.

Chegou, finalmente, o dia em que fomos buscá-lo. Ele estava muito assustado e diferentemente dos irmãos que vieram nos receber fazendo um baita alarde, Bóris se escondeu dentro da casa e sumiu. Parecia que ele estava prevendo que dali sairia.

Recebemos as instruções necessárias para o cuidado diário e fomos à cata do pequeno para irmos embora. A despedida foi triste e dolorosa, principalmente por parte de Elisa que não parava de acariciar Bóris já com muita saudade.

Chegando em casa Bóris se sentiu acuado, desconfiado, assustado num ambiente desconhecido por ele, sem o cheiro habitual. Curioso, cheirou cada pedacinho da casa. Não comeu, pouca água bebeu e nos olhou com cara desconfiada se escondendo num canto da sala perto da porta de entrada como se tivesse a certeza de que a abriríamos para poder sair e voltar para sua família.

Tivemos que ter muita paciência no trato do bichinho assustado. Demos uma caminha quente e confortável para dormir e muito amor e carinho para que ele se sentisse em casa. Não queria brincar ou comer, fiquei preocupada. Para que ele comesse, eu me sentava no chão e dava sua ração na boca feito um bebezinho. Assim ele comia. Aos poucos fui colocando em seu prato para que dali se alimentasse.

Hoje, quinze dias depois, Bóris está totalmente adaptado fazendo das suas. Já se meteu com meu chinelo, cavou um buraco no meu canteiro de tempero, vindo com a maior cara de pau cheirando a alecrim e sálvia, corre alegre pelo quintal e late para a cachorrada da rua para avisar que agora esta casa é território dele. Logo pela manhã não sai de casa para fazer xixi sem antes dizer bom dia para todos. É o meu companheiro. Acompanha-me feito sombra para onde eu vou e fica deitado aos meus pés quando estou no meu cantinho. Quando quer brincar sai correndo e volta me desafiando a jogar brinquedos para pegar e trazer de volta. Preencheu um vazio enorme com a falta de nosso cachorrão KIKO.

Seja muito bem-vindo meu cachorrinho valente que venceu o maior obstáculo da vida e até aqui se mostrou vitorioso. Que possamos ter muita felicidade com sua permanência nesta família que muito amor e carinho tem a oferecer!! Amamos você!!

foto: por Inês de Barros
        Bóris
       AGO/2013


4 comentários:

  1. Linda a história do Boris!!!!
    Agora ele tem um lar onde é amado e com muito chamego e com o amor de vcs, ele nunca mais ficará doente.
    Imagino a felicidade do André e a de vcs tb...rsrsrs
    Bem vindo Bóris! A tia Miriam já te ama, viu?

    Bjs amiga querida!!!


    Miroca

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    1. O André tá feliz da vida com o novo amigo e companheiro, estava faltando um pouco de bagunça na vida do baixinho... rs

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  2. Cláudia Daniella Oliveira Alves26 de agosto de 2013 às 13:03

    Emocionante a história de Bóris. Infelizmente estou com lágrimas no rosto e uma dor no coração. Não me conforme com a perda da minha companheirinha Taty. Como disse a veterinária ela foi uma guerreira, passando por diversas cirurgias ao longo dos dezesseis aninhos. Perdi quem mais amava, entro na casa e vejo ela em todos os lugares, cantos, fotos, sinto falta dela andando e fazendo o barulhinho das patinhas no assoalho. Estou muito triste Inês. Desculpe o desabafo.
    Adorei seu blog.

    Grande beijo.
    Cláudia

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    1. Sei muito bem como se sente, Claudia,perdi também um companheirão, o KIKO, e acabei postando a história do BÓRIS antes da dele. Mas está nos rascunhos e logo logo eu publico. Dizer para você não ficar triste é bobagem, chore muito e lembre-se dela com o mesmo carinho que lutou por ela todos esses anos. Fiquem bem e com Deus. Beijão

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