terça-feira, 16 de setembro de 2014

LUPICÍNIO RODRIGUES




Para os apaixonados pelas as músicas que expressam muito sentimento, principalmente melancolia por um amor perdido, com certeza conhecem algumas do Lupi, alcunha de Lupicínio Rodrigues, inventor do termo “dor-de-cotovelo”, dado às pessoas que cravam seus cotovelos num balcão de bar, acompanhado de uma boa birita, chorando pela perda da pessoa amada.

Hoje comemoramos o centenário do nascimento deste compositor, que, constantemente abandonado pelas mulheres, buscou inspiração em sua própria vida para compor suas canções, cujos protagonistas, a traição e o amor, caminham lado a lado.

Nascido em Porto Alegre em 16 de setembro de 1914, o quarto de um total de 21 irmãos, nunca saiu de sua cidade natal a não ser por alguns meses para conhecer o cenário musical carioca,

Foi difícil mantê-lo na escola aos cinco anos de idade, pois se distraía muito cantando, precisando abandonar os estudos para retornar dois anos depois. Aos quatorze anos compôs sua primeira música “CARNAVAL”. De maneira precoce, já nesta idade, foi um boêmio e não se separava por nada de suas amigas: bebidas e serenatas. Foi proprietário de diversos bares e restaurantes com música que ia abrindo e fechando para ter a satisfação de reunir os amigos.

Torcedor do Grêmio, compôs o hino do time do coração em 1953.

Ao morrer aos 60 anos, em 27 de agosto de 1974, foi sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre, deixando cerca de uma centena e meia de canções editadas. Possivelmente sua alma criativa e sofrida deve ter composto outras centenas que foram perdidas, esquecidas ou estão à espera de quem as resgate.

Obrigada Lupi, pelo legado que nos deixou acalentando nossos corações românticos e apaixonados. Descanse em paz...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

ADULTIZAÇÃO E SEXUALIZAÇÃO



Soube que recentemente a revista Vogue, na sua edição kids, realizou um ensaio fotográfico com meninas extremamente jovens em poses sensuais. Há algum tempo eu já tinha visto um ensaio semelhante, onde a fotógrafa israelense Michal Chelbin, conhecida por retratar crianças e adolescentes revelando o quão difícil é crescer e estabelecer relacionamentos num momento em que os hormônios estão à flor da pele, comenta que “a imagem é apenas uma ponta do iceberg, é o portão para uma história à espera de ser contada e que eu tento retratar de uma forma apelativa ainda preocupante”.


Na tentativa de capturar histórias do cotidiano, as duas (Vogue e Michal Chelbin) incorreram em um erro, o de adultizar e sexualizar crianças e adolescentes. Com palavras bonitas e filosóficas, a fotógrafa Michal Chelbin justifica seu trabalho da seguinte maneira: “Eu tento fotografar meus assuntos deslocados dos ambientes de trabalho e desempenho do dia a dia destas pessoas. Normalmente estamos em casa, na rua ou em um parque. Minhas imagens são veículos para abordar temas universais: problemas familiares, conceitos de normalidade, a puberdade com todas as suas dores e o desejo da fama. Um exemplo disso são os adolescentes que eu fotografo, muitos deles estão à beira da consciência sexual. Eles são desta época difícil, divididos entre inocência e experiência, enquanto seus corpos ainda são de uma criança, seu olhar às vezes implica de forma diferente”.

Muito bem. Todo mundo precisa trabalhar para providenciar seu ganha pão. Mas pensemos de maneira prática e crítica. Qual é a diferença entre arte e pedofilia neste caso? Será que expor essas crianças e adolescentes desta maneira, sem medo de exagerar, não seria abrir portas para a pedofilia? Não é porque os pais destes jovens autorizaram a realização deste trabalho e as fotos serem de boa qualidade de imagem, bem enquadradas, feitas por profissionais qualificados, publicadas em uma revista conhecida e expostas para um público considerado de boa formação e bom conhecimento intelectual, que essas fotos não possam ser consideradas criminosas.

Pedofilia não se encontra somente em meios obscuros, escondido, a espreita ou em arquivos de um computador de um pervertido qualquer. Encontramos pedofilia quando abrimos uma revista e vemos crianças adultizadas com roupas não condizentes com suas faixas etárias e em poses sensuais. Enquanto nossos infantes estiverem sendo tratados desta maneira, a sociedade como um todo será responsabilizada por pedofilia, por permitir, autorizar, divulgar e comercializar, sem pudor, as imagens dos corpos desses jovens que ainda não possuem entendimento suficiente para saber do que realmente se trata.

Criança tem que ser tratada como criança e não ser fotografada para mexer com o imaginário do mundo adulto. Criança tem que jogar bola, brincar com boneca, ler livros ou assistir a programas televisivos destinados ao seu mundo infantil, não tem que usar esmalte, sombra muito menos batom ou sapatos de salto, o que dirá fazer pose sensual. Evidentemente que todo indivíduo tem sexualidade e esta será despertada de forma natural, na medida em que as transformações e desejos forem despertados pelos hormônios na adolescência, cada qual no seu próprio tempo.

Adultizar e sexualizar meninas e meninos fazem de quem autoriza, fotografa, dirige, edita, publica e expõe sejam coniventes com a pedofilia e deveriam ser responsabilizados por criar meios para que a linha tênue entre o desejo e a ação seja rompida. 

fotos: todas as originais disponíveis na internet

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

BÓRA COMPRAR

Vista do vilarejo de Gangi com vulcão Etna ao fundo - foto de Carmelo Provina

Gosto de, depois das minhas meditações matinais, me inteirar sobre o que está acontecendo no mundo e acesso as notícias pela internet.

Hoje pela manhã, li uma notícia interessante sobre um burgo medieval no alto de uma colina com vista para o Etna e a 120 km da praia de Palermo, o Vilarejo de Gangi, na Sicília, sul da Itália, onde a prefeitura tem projetos para revitalizar a região dizimada pelas constantes guerras, bem como atuação da máfia siciliana sob o comando do chefão Andaloro Ferrarelo, que fizeram com que os problemas demográficos intensificassem, ocasionando um êxodo rural a partir dos anos 20.

Vilarejo de Gangi - desconheço autoria da foto
Máfia combatida pela intervenção violenta do “prefeito de ferro” Cesare Mori, não há mais motivos para um êxodo rural, vez que já não há mais guerras. Diante disso, administração municipal quer repovoar o centro histórico, que possui cerca de mil casas de pedra, algumas com forros de madeira e pisos adornados originais que estão fechadas há décadas. O que me chamou atenção na reportagem é que pequena parte destas casas continua à venda por 1 euro, enquanto outras 300 têm preços entre 5 mil e 15 mil euros. Caso haja sucesso da iniciativa, as cerca de mil residências poderão ser requisitadas pela prefeitura para serem repassadas a novos proprietários.

Bem, fiquei entusiasmada e tão logo André acordou fui logo dar-lhe a notícia:

- André! Olha que legal!

- O queeee mãaeeee... (resmungou ele sonolento)

- No sul da Itália, a prefeitura de um burgo medieval, está tentando repovoar a cidade e oferece casas medievais de pedra pela bagatela de 1 euro. Só que é na Sicília!

- É?! Só isso?! Bóra comprar!! E quanto que custam as armas?!

Sicília continua com má fama...

domingo, 10 de agosto de 2014

PAI



Pai intelectual
Pai executivo
Pai palhaço
Pai gourmet
Pai atleta
Pai amoroso
Pai preocupado
Pai...
Não sei, são tantos
Só sei que tive um pouquinho de cada um desses
Mas acima de tudo
Meu pai
Foi um pai herói!!
Saudades, pai!!

foto: arquivo pessoal

segunda-feira, 21 de julho de 2014

CAMINHADAS



Para mim, caminhar é muito mais que exercer uma atividade física, é me encontrar comigo mesma e perceber os pequenos detalhes. É olhar o que não se vê, é sentir com todos os sentidos, é explorar com atenção e vagar e descobrir o prazer que a vida fora de mim é bela!

foto: coletada da internet (desconheço autoria)

terça-feira, 8 de julho de 2014

FRACASSO



Penso em decifrar seus pensamentos
Difícil saber por onde vagam
Receio em descobrir os sentimentos
Que em seu coração naufragam

Mesmo não se permitindo
E nem se deixando entender
Procuro a ponta da linha
E desvendar todo seu ser

Mas nada de indícios
Para desembaraçar
O que instiga cada vez mais
A curiosidade em te desvendar

O medo de cair é mais forte
E me preservo, no entanto,
Mesmo sensível e talvez romântica
Mantenho a força em que me acalanta

Quando enfraqueço,
Ainda que não seja de cristal,
Tudo se rompe e os cacos
Mantém-se de forma distal

As arestas não coincidem

Difícil de colar
Sua menina se quebrou
Mesmo tendo a garantia
De que tal fato não aconteceria

Mas nada é por acaso
E a boa lembrança ficou
Como também o fracasso
Daquilo que não se perpetuou.

foto: coletada da internet (desconheço autoria)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

FUTILIDADES


Eu e Ricardo vimos uma piadinha a respeito do best seller 50 tons de cinza e começamos a falar sobre o assunto. Disse-lhe que eu preferia uma literatura que contivesse mais conteúdo, podendo até ser um romance desde que fosse inteligente e não fútil.

André, que ouvia nossa conversar, já que estávamos à mesa almoçando, perguntou: "Mãe, o que quer dizer 'fútil'?"

Expliquei-lhe que uma pessoa fútil é aquela sem muito conteúdo que somente pensa em coisas que não tem muito valor e importância relevante, em estar bonita e não tem muito interesse em assuntos mais profundos. Exemplifiquei de uma forma menos complexa dizendo que uma pessoa fútil é aquela que só tem em mente se maquiar, comprar roupas e joias sem se importar muito com mais nada.

André pensou e concluiu: "Entendi!! É uma pessoa rica!!"

Pois é... 

foto: coletada da internet (desconheço autoria)