sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CARTA AOS FILHOS

Ser pai e mãe não é uma tarefa das mais fáceis.

Quando optamos por ter filhos, infelizmente não podemos consultá-los se eles querem que entremos em suas vidas. Deus nos abençoa com os filhos de maneira tão divina que deixamos de pensar em nós mesmos para ajudar a construir o caráter desses pequenos, destinando a eles o que temos de melhor, e não falo financeiramente, falo de valores emocionais, sociais e espirituais que são os mais importantes que qualquer outra coisa.

E eles vêm, sem manual de instruções. Com suas características, com suas personalidades, com suas crises e vamos com o tempo aconselhando, sugerindo caminhos na tentativa de diminuirmos possíveis sofrimentos com decepções, sabendo que tudo isso faz parte da formação do caráter do ser humano.

Por eles abdicamos muitas coisas. Até da própria felicidade, pois creio que só conseguimos ser plenamente felizes se nossos filhos também forem.

Os carregamos no colo, amamentamos, trocamos suas fraldas, ensinamos comer, andar, nadar, pedalar, damos banho, cortamos suas unhas, penteamos seus cabelos, vestimos, levamos para a escola, participamos de reuniões escolares, deixamos de dormir por causa de uma febre que não queria ceder, apoiamos nos estudos, nas brigas, apartamos desavenças entre irmãos, levamos para parques, viagens, cinema, teatro, proporcionamos a melhor formação possível, os colocamos no colo nas crises existenciais, brigas com namorados(as), indecisões sobre qual profissão escolher, qual caminho andar, levamos para fazer vestibular e roemos as unhas junto com eles para saber o resultado, nos alegramos com suas conquistas, rasgamos nosso coração quando eles sofrem, ou seja, vivemos “filhos” 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano por pelo menos uns vinte anos até que finalmente eles criam asas e vão tentar alçar seus próprios voos, mas nem por isso deixamos de ficar atentos.

Na visão de nossos filhos, somos pais heróis e mães heroínas. Eles se esquecem que somos meros mortais. Que ficamos doente, que temos indecisões, que nem sempre temos respostas para todas as questões, que temos problemas tão cabeludos que dá até medo, que ficamos tristes, magoados, deprimidos, que passamos por dificuldades financeiras, que temos vontade de "chutar o balde" e sumir, ir para bem longe, Caicó!!!

E como, muitas vezes, os filhos são cruéis! Mas como diz o velho ditado, as coisas boas que fazemos são rabiscadas, num rascunho bem mal feito, na areia, porém os nossos erros (sim, também erramos) são marcados indelével na rocha!

Mas será que erramos tanto assim?!

Erramos, sim! Erramos por não permitir que nossos filhos vejam nossas dificuldades, percebam nossas fraquezas, fazendo com que não compreendam que não podemos ir ao encontro deles quando eles precisam, por não termos uns míseros R$ 50,00 na carteira e somos condenados para todo o sempre por essa falta. Tudo o que aconteceu lá para trás se apagou. E ainda os ouvimos dizer que nunca os apoiamos.

Depois que os filhos criam asas e vão à busca de suas oportunidades, deixam para trás os pais que deram suporte necessário para esta busca e eles esquecem até de telefonar apenas para dizer que os ama ou para saber como está a vida de seus velhos ou se estão precisando de alguma coisa. Porém, quando se veem frente a algum problema, se precisam de conselhos e orientações ou ajuda para alguma situação pessoal ou profissional, sabem exatamente onde encontrar seus pais, mesmo assim dificilmente ouvem a voz da experiência achando que o conhecimento adquirido pelos percalços da vida e os valores de seus pais estão ultrapassados e eles não sabem de nada. De qualquer maneira, os amamos incondicionalmente, e é um amor que não se consegue explicar.

Filhos, jamais esqueçam que por detrás dos cabelos brancos de seus pais, há sonhos, desejos e muito amor. Muita vida passou por estes seres falíveis, mas que a todo instante se preocuparam com suas vidas e sempre se empenharam para que a felicidade batesse em suas portas e visitasse todas as áreas de suas vidas. Ensinem seus filhos, se os tiverem, o respeito pelos mais velhos e a dar atenção devida a seus pais, dando o exemplo. Se não tiverem filhos, continuem testemunhando o respeito aos mais velhos para que os mais jovens vejam e reconheçam a importância de cuidar e amar seus velhos.

Por ora, minha oração reside no sentido de que Deus esteja abençoando ricamente suas vidas e que os façam pessoas e pais exemplares no caminho da vida de seus filhos e seus jovens.


Escrevi este texto e algum tempo depois vi uma animação linda que ilustra muito bem o que escrevi, até parece que Po Chou Chi e eu trabalhamos juntos. Recomendo que assistam:
http://www.youtube.com/watch?v=JUMmGt1W2xc



foto: desenho de Eduardo Souza Campus
        verifiquem seu trabalho em: www.behance.net/souzacampus

  

2 comentários:

  1. Inês você é sempre incrível, amei, é assim mesmo que acontece, não tenho filhos, mas sou filha e vejo meus sobrinhos. Parabéns mais uma vez!

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